Estudantes levam caixão para a frente do Palácio
Grupo de quase 100 pessoas protestou contra reforma do Ensino Médio
Um grupo de aproximadamente 100 alunos do Colégio Estadual Inácio Montanha, localizada no bairro Azenha, em Porto Alegre, realizaram um protesto em frente ao Palácio Piratini contra a reforma do Ensino Médio proposta pela Secretaria Estadual de Educação (Seduc). Munidos de cartazes com frases contra as mudanças, além de instrumentos musicais, os jovens levaram também um caixão, o qual simbolizava para eles o “enterro da educação pública”.
Estudante do 1º ano do Ensino Médio, Robson Ribeiro, 16 anos, disse que os alunos, pais e professores não foram ouvidos sobre o tema. “Não estamos aqui simplesmente para protestar. Temos posição formada. Os estudantes, se forem chamados, podem contribuir com o debate”, disse. O jovem ponderou que se a reforma for aprovada, não mais poderá trabalhar. “Moro com a minha mãe e ajudo nas despesas de casa trabalhando no estoque de uma importadora no turno da tarde. Caso o Ensino Médio mude, vou ter que dedicar 400 horas para um estágio profissionalizante no qual vou perder a oportunidade de ajudar e juntar dinheiro para fazer as minhas coisas”, frisou.
Segundo Ribeiro, o governo deve construir a mudança em cima do consenso. A coordenadora da mobilização, Rejane Aretz, acredita que se as mudanças no Ensino Médio acontecerem, as chances dos estudantes de escolas públicas ingressarem nas principais instituições de Ensino Superior gratuito diminuem consideravelmente. “A retirada do tempo de matérias fundamentais para o vestibular significará que o aluno pobre terá ainda menos preparação para concorrer contra o estudante da escola particular, que não será afetada pela reforma e ocupa as vagas dos principais cursos”, comentou. Rejane também criticou o estágio. “O estagiário é mão de obra barata para as empresas”, acrescentou.
Na avaliação da coordenadora-geral do Ensino Médio na Secretaria da Educação Básica do Ministério da Educação, Sandra Regina Oliveira Garcia, a proposta para o Ensino Médio da Seduc é a “mais audaciosa do país rumo à reestruturação curricular”. O diretor pedagógico da Seduc, Sílvio Rocha, destacou que a politecnia, eixo norteador da proposta, é um caminho que aproxima os estudantes do mundo do trabalho. “A incorporação do conceito não visa, porém, preparar somente para o trabalho, mas instrumentalizar os alunos para estabelecer relações com o mundo, de forma crítica e autônoma”, assinalou.
Desde a semana passada, o Magistério está em greve. A classe também reivindica o abandono da reforma do Ensino Médio. Os professores pedem ainda pagamento do Piso Nacional.
Fonte: Marcos Koboldt / Correio do Povo
Disponivel em http://www.correiodopovo.com.br/Noticias/?Noticia=366644
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