19/01/2010

Prêmio bom é salário bom!

Prêmio bom é salário bom e não meritocracia burra e enganadora.
Se a educação do povo brasileiro está ruim, seguramente a culpa não é dos professores, pois não podemos generalizar isto e transferir esta responsabilidade que é do Estado para quem já é explorado por tantos anos.
Bons profissionais, não precisam receber mais por metas atingidas, pois isto funciona como suborno e estaríamos tratando nossos professores, tal qual como se adestra um cão, ou seja, para cada ação, um estímulo (recompensa).
Somos seres racionais e, portanto, inteligentes o suficiente para sabermos que estamos sofrendo as conseqüências danosas de políticas totalmente equivocadas e perversas voltadas ao sistema de ensino, onde as escolas estão transformadas em albergues, fornecendo alimentação regular ao invés de conhecimento e os professores transformados em babás, e aí eu pergunto: são os professores os responsáveis pelo desarranjo social, destruição das famílias e seus valores tão fundamentais para a formação social?
Onde estão as políticas de controle de natalidade tão essenciais (vejam o Haití), empregos e salários dignos para que os pais possam sustentar com dignidade a sua família?
Instaurou-se neste país a política do coitadismo ou seja: queixam-se de assalto nos semáforos mas dão esmolas aos pedintes alimentando a sequência destas atitudes, que aliás, já virou "profissão".
Este sistema falido de que o aluno não deve ser reprovado, tendo ele mil e uma chances de não ser reprovado de ano, fazendo a recuperação, da recuperação, da recuperação e aí ao final, ainda o passam de ano. Passou o ano inteiro bagunçando, fazendo arruaças, ameaçando professores sem, no entanto aprender coisa alguma. Por que este aluno irá ser melhor no próximo ano e respeitar algum professor, se neste ano ele passou de todos os limites e ainda teve a "recompensa"?
No meu tempo, se eu chegasse com uma nota abaixo da média (7), eu levava os meus "cascudos" e imaginem o que teria acontecido comigo, em caso de meus pais receberem alguma reclamação a meu respeito na escola?
Para os meus pais, os meus estudos eram prioritários e mesmo assim, desde muito cedo, ajudava-os nos afazeres de casa e inclusive, na lavoura e no trato aos animais, o que hoje em dia, o conselho tutelar e os “direitos humanos” impedem que uma criança menor de idade possa trabalhar ajudando os seus pais e aprendendo um ofício edificando a sua própria vida, jogando os adolescentes no ócio e tornando-os uma grande massa sem orientação e estimulando-os rumo a delinqüência juvenil.
Hoje quando o aluno vai mal, os pais vão à escola e culpam o professor, defendem os filhos, que por muitas vezes, tratam-se até de marginais. Esta é a realidade!
Não são problemas apenas vividos na escola pública. Conheço uma pessoa que se formou e saiu cheia de coragem e planos para aplicar na prática e que leciona em colégios particulares aqui na minha cidade e esteve muito estressada a ponto de se demitir, pois lá, os alunos são “clientes” e como tal, são tratados e, se exigir-se mais na transferência de conhecimentos, os alunos vão mal, os pais e a diretoria da escola cobram, pois não podem perder o "cliente" e se alivia, os resultados negativos no aprendizado logo aparecem também, aí o professor também é responsabilizado pela diretoria da escola por estar sendo complacente e desqualificado.
De um modo geral, não podemos dizer que o ensino da escola pública é ruim, pois tenho exemplos na família, que fizeram concursos dificílimos e disputadíssimos e foram aprovados em excelentes colocações sem, no entanto, terem cursado aulas particulares ou freqüentarem cursinhos para tal e de sempre estudaram em escolas públicas, pois quem faz a diferença é o aluno.
Quando existe um rompimento do tecido social em uma comunidade ou país, fica-se atirando por todo lado, pra responsabilizar quem está mais perto e se esquece, que isto tudo é fruto de coisas maiores e de decisões tomadas equivocadamente em gabinetes, muitos distantes de nós, digo, do povo.
Sempre costumo lembrar que o egoísmo é o primeiro sintoma numa sociedade, quando as coisas vão mal e a crise se estabelece. Não enxergamos nada além do umbigo e o nariz passa a ser o norte da caminhada.
E.T. Escrevi isto e postei no blog do mesmo, em resposta à uma reportagem de um jornalista de um dos jornais de minha cidade, defendendo a meritocracia para os professores, como sendo uma solução para a educação.

Ditmar e Gleci Hoffmann

Cachoeira do Sul, 18 de janeiro de 2010.

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